CANTO DO ENCANTO

Tava aqui pensando...No escuro eu penso melhor. Acontece isso com você também?
Basta apagar as luzes e os pensamentos fluem numa intensidade avassaladora.
Então, o que acontece é que eu acabo me levantando da cama e corro para encontrar o papel e a caneta, deixando extravasar o que insiste em ser compartilhado.
Por que eu nunca lembro de deixar o papel e a canta próximos? Por que será que eu sempre me machuco batendo as pernas na quina da cama,ou topando o dedo do pé na quina da porta quando saio andando no escuro?
Há dez anos a cama e a porta ocupam as mesmas posições mas ainda não fui capaz de me orientar muito bem.
Adoro andar no escuro!
Já reparou como tudo na gente fica mais atento?
Passei o Carnaval num cantinho muito especial. Uma praia tranqüila onde há conchas na areia, siris e peixinhos curiosos que correm afobados quando se dão conta de que foram notados. Onde o que prevalece é o canto da coruja, o piado agudo dos morcegos, o borbulhar das ondas do mar quando encontram a areia; a forte presença da natureza e o brilho fluorescente dos plânctuns que aparecem nas pegadas gravadas na andança pela areia à noite.
Ouço as batidas fortes de um tambor: é o meu coração. Sinto o movimento do sangue pulsando num passeio corporal. Meus pés estão no chão.
O perfeito encontro entre o micro e o macrocosmo.
Impressão minha ou a estrela brilha mais forte ao ser observada?
Que energia tem os grilos e os sapos! Cantam incessantemente em um coro insistente. Num movimento ritimado, quem diria!
Vou voltando para casa em silêncio. Caminho mais um pouco e a escuridão vai se transformando na penumbra que ilumina a estrada de terra.
Já se pode ver se aproximando o jardim e a porta de entrada da casa.
Até breve praia divina!
E uma boa semana para todos nós.