domingo, 31 de janeiro de 2010

ANANDA

Fechei os olhos ao degustar o queijo e me deixei levar pelo sabor do sal, da gordura, do leite. Além destes ingredientes vislumbrei a fabricação do alimento, o sonho realizado do fabricante, a ação dos seres humanos que pressionaram ritmicamente a teta das vacas para extrair o leite quente. O prazer dos bezerros ao se alimentarem dele traduzindo o pulsar da vida num vínculo momentâneo entre o filhote e sua mãe. O saciar da minha fome e o prazer da deglutição e da escrita.
As heranças genéticas gravadas no inconsciente individual e coletivo de cada ser vivo.
As intenções emanadas e enraizadas por nossos atos capazes de transformar muito além da matéria e dos sentidos. Não basta querer há que se perceber.
Nunca pensei que um bolo de banana pudesse ser o caminho para “ananda”! Mas foi e fez brotar muito mais do que a gratidão. As intenções se proliferam na seleção de cada ingrediente, na mistura deles; pelo aroma que exala com o aquecimento do forno; ao som da música do momento, pelo canto e dança em cada oportunidade de se preparar a receita; pelo prazer em doar e receber pessoas queridas; em cada degustação. Nas palavras e sorrisos dados, na surpresa de cada segundo recebido de presente.
Paty Z.

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